Feliz aniversário
Se Deus tiver um idioma para sua expressão, certamente essa língua bendita e divina há de ser a música. Esta é uma frase que me apropriei de um artigo de Paulo Linhares “Música e a vida”, que publiquei no meu site.
Sempre tive uma relação muito íntima não, de fascínio com a música - não de conhecer, mas de apreciador-, talvez porque ela diz coisas que temos necessidade de fazê-lo, mas por medo, orgulho ou por puro e simplesmente timidez não dizemos.
A música tem essa capacidade divina. Às vezes terapêutica, às vezes tenaz, vezes expõe a aptidão que o homem tem de matar, aniquilar seus semelhantes. Os clarins que soavam com mimos a embalar as orgias palacianas do Império Romano, também, em notas altas dissonante, agitavam as frenéticas multidões nas arquibancadas para a enxurrada de sangue que inevitavelmente tingia as areias das arenas, nos calabouços do imponente Coliseu gladiadores sentiam na pele a vibração dos acordes que soavam como sentença de vida e morte.
O ano de 1980 foi bom para uns, ruim para outros. Mas, sempre embalado por algum tema musical. Três coisas me marcaram o ano de 80. Primeiro o nascimento do meu primeiro filho; as Olimpíadas de Moscou e a morte de John Lennon, fevereiro, julho e dezembro respectivamente.
Falando cronologicamente de trás pra frente. Estava com Polary no colo quando Isi me chama na sala para assistir a notícia do assassinato de Lennon. Confesso que fiquei triste, no auge dos meus 20 anos perdia um ídolo que ainda não tinha tido tempo de conhecer. Tive contato com seu trabalho um ano antes, muito embora já tivesse ouvido alguma coisa, mas discutir, ler, ouvir com uma visão diferente isso aconteceu na redação do jornal Gazeta do Oeste.
As Olimpíadas de Moscou boicotadas pelo imperialismo americano, a televisão nos mostrava um efeito plástico manipulado por milhares de camaradas que sob tabletes de papelão fazia o Mascote das Olimpíadas, o ursinho Misha e o mundo chorar por causa da decisão americana de não participar do evento. Hoje me pergunto será que aquelas lágrimas que invadiam o mundo ocidental não era prenúncio da vitória da corrosão/corrupção que comia de dentro pra fora o sistema ditatorial dos companheiros? Naquele dia vi várias pessoas com os olhos cheios d’água, inclusive Canindé Queiroz.
Embalamos muitas vezes nossos sonhos de revolucionários de nada, nos acordes de Czardas, gravada pelos Incríveis.
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