A diferença básica esta em que a criança não tem medo de cair. Aliás, ela nem sabe o que é isso até acontecer. Mas quando acontece ela já esta envolvida pela magia da bike e não quer largar mais.
O ensinamento para uma criança passa pelas famosas rodinhas que vão sendo levantadas aos poucos até serem retiradas totalmente. No caso de adulto, usar esses apoios laterais é colocar mais uma barreira moral que ele tem que superar. Sempre há o medo do mico. O famoso "ai que vergonha, eu de rodinha". Além de que rodinhas pequenas dificilmente evitariam uma queda já que o centro de gravidade de um adulto seria muito mais alto. Teria que se instalar apoios proporcionais na bike, transformando-a num triciclo.
Quando morei em Curitiba conheci o Américo Vieira, um ciclista que já rodou muito e que tem uma pasta com cartas de alunos que ele ajudou realizar o grande sonho da vida, pedalar. Nessa pasta, há relatos emocionados de gente que foi de Goiânia a Curitiba sem saber o endereço certo da loja. Depois de encontrá-lo foram mais três dias intensos de treino até que num dia de chuva, esse médico pedalava pelo espaço de um estacionamento gritando: "eu pedalo, eu consegui, eu ando de bicicleta!". É só relembrar a história que o Américo pega o telefone e liga, para o hoje amigo, afim ver como esta. Na última vez que soube, ele ia todo dia para o consultório pedalando e estava feliz com o peso mostrando apenas dois dígitos.
A técnica do Américo para adultos tem um fundamento básico: é preciso entender a mecânica do equilíbrio em cima da bike. Ele pacientemente explica que ao pendermos para um lado é preciso movimentar a roda pra esse mesmo lado para que a bike vá para debaixo do corpo novamente recuperando o equilíbrio. Esse o é engano mais comum de um adulto, quando pende pra um lado tende a querer ir pro outro para compensar. Essa manha é treinada sobre um rolo enquanto o aluno mexe com os músculos que vai usar para pedalar. Completando a parte teórica, alguns exercícios sobre guias ou linhas em ziguezague para reforçar ao cérebro a questão do equilíbrio.
Essa parte teórica pode demorar de uma hora a até dois dias. Depende da pessoa. Depois disso é fazer o candidato a ciclista pedalar com o apoio de uma pessoa ao lado. Nas bikes de aula do Américo é colocada uma guia de ferro por meio da qual ele segura a bike. Em um dia a pessoa começa a se soltar em retas. Depois desse ponto, vêm os ensinamentos de como largar, frear, virar, etc. Mas esta segunda parte é facilitada pela confiança, uma vez que o ciclista percebe que vai pedalar fica mais fácil pegar o resto. A partir desse ponto o aluno encontra a criança dentro de si e volta a arriscar novamente.
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