Ciclistas se reúnem em frente a delegacia nos
Jardins (Foto: Lívia Machado/G1)
Ao se apresentar no 78º Distrito Policial, na região dos Jardins, no início da tarde deste domingo (10), o motorista que atropelou um ciclista na Avenida Paulista, no início da manhã, foi recebido com gritos de "assassino" por um grupo de cicloativistas que protestava em frente à delegacia. Cerca de dez ciclistas estavam no local, por volta das 13h30.
Mais cedo, o condutor já havia se apresentado no distrito policial, mas deixou a unidade para fazer o reconhecimento do local do acidente, segundo a Polícia Civil. Ele deve prestar depoimento nesta tarde. Além do motorista, quatro testemunhas serão ouvidas pela polícia. A bicicleta da vítima foi levada à delegacia e também pode ajudar a esclarecer o caso.
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Por volta das 5h30, um ciclista que trafegava no sentido Paraíso da Avenida Paulista foi atropelado próximo ao Metrô Brigadeiro. Com o acidente, um dos braços da vítima foi amputado. No horário em que ocorreu o acidente, a ciclofaixa de lazer ainda estava desativada.
A vítima foi socorrida pelos bombeiros e levada para o Hospital das Clínicas. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, o estado de saúde do ciclista é estável. Ele está consciente e segue internado no Pronto-Socorro do Hospital.
Bicicleta de vítima chegou à delegacia nesta tarde (Foto: Lívia Machado/G1)
De acordo com a Polícia Militar, o motorista deixou o local do acidente sem prestar socorro. Mais tarde, ele se apresentou na base do 3º Batalhão da PM, no bairro da Saúde, e foi conduzido ao 78º Distrito Policial.
As informações preliminares repassadas pela PM à Polícia Civil são de que o motorista, ao fugir, levou o braço amputado da vítima preso ao carro. "Segundo o que nos foi informado, os policiais militares refizeram, junto com o condutor, o trajeto percorrido após o atropelamento. Isso porque a vítima teve um braço amputado e os médicos afirmaram que seria possível um reimplante caso o membro fosse encontrado. Durante esse percurso, porém, o motorista contou que havia jogado o braço em um córrego na Rua Ricardo Jafet. Isso tornaria impossível a localização do membro", afirmou ao G1 o investigador Eduardo Belmiro, que atua no 78º DP.
Motorista que atropelou o ciclista na Av. Paulista
chega ao 78º DP (Foto: Luiz Claudio Barbosa/Futura
Press/Estadão Conteúdo)
Protestos
Ao retornar à delegacia neste início de tarde, o motorista foi recebido sob gritos de "assassino" e "porco" por um grupo de ciclistas que se reunia em frente ao Distrito Policial. Daniel Guth, 29 anos, que é consultor da área de mobilidade, está na delegacia desde as 11h30 para protestar. "É um absurdo o que aconteceu. Não foi um acidente, é mais uma tragédia envolvendo um ciclista", disse ao G1. Guth participou, no sábado (9), da sexta edição do World Naked Bike Ride, um protesto que reuniu centenas de ciclistas na Avenida Paulista contra a poluição causada pelos carros e a vulnerabilidade dos cidadãos que escolheram a bicicleta como meio de transporte.
"Essa tragédia é superlativo do que acontece todos os dias com os ciclistas. Isso não é acidente. Do que sabemos, o motorista foi visto em zigue-zague na Avenida Paulista. Que tipo de cidadão é esse que arranca um braço, não presta socorro e percorre 7 km com o braço dentro do carro?", questiona a cicloativista Renata Falzoni, que é a criadora do Night Bikers Club do Brasil.
"Viemos para marcar presença. É mais uma vítima, mais uma tragédia que diz respeito aos ciclistas. Poderia ser com qualquer um de nós. Não entendo como alguém é capaz de atropelar e não prestar socorro", afirmou Denise Markman.
Pela internet, cicloativistas planejam um protesto na Avenida Paulista, a partir das 16h deste domingo. "Não há um organizador. Isso está sendo feito pelas redes sociais", explicou Renata.
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