Karina Brandt e Vitor Luna promovem corridas em Barbalha que atraem maratonistas de todo o Brasil
Casada com o barbalhense Vítor Luna, Karina Brandt chegou ao Cariri
há 14 anos. Ainda sem boas opções de academias onde pudesse se
exercitar, ela se viu em um mato sem esteira. “Eu pensei: bem, vai ser o
jeito eu correr na rua. Mas, na primeira corrida de 10km que eu
participei, achei que eu fosse morrer”, ela ri. O hobby ganhou lugar na
vida do casal e eles passaram a competir em diversas maratonas – até na
Muralha da China). Em um desses encontros de maratonistas (na
ultramaratona de Caruaru, de meros 100km), surgiu o pedido para que o
casal promovesse uma corrida no Cariri. No ano passado, Vítor e Karina
convidaram alguns amigos a visitarem a região para um treino, como forma
de tentar colocar Barbalha na agenda de maratonas do país. Quando
saíram os dois pela serra para pensar no trajeto do treino, eles
perceberam que aquela trilha não se tratava de uma corrida qualquer, mas
de um desafio. Ao todo, mais de 100 pessoas confirmaram presença, então
ali mesmo começou o Desafio 50km da Chapada do Araripe.
Em 28 de março passado, na primeira edição do Desafio, pessoas de
nove estados compareceram. Quase um ano depois, no último dia 26, Vítor e
Karina repetiram a dose. Desta vez com apoio de equipes do Serviço
Social do Comércio (Sesc) e do Instituto Federal do Ceará (IFCE), eles
fizeram ainda melhor. A corrida impôs o limite de 300 inscritos e
remodelou o trajeto, que antes começava e acabava no Sítio Pinheiros, em
Barbalha. Agora começando no Distrito do Caldas, o Desafio fez a volta
pela Arajara, descendo até a cidade de Barbalha e voltando ao Caldas, na
segunda etapa da corrida, em uma subida por dentro da serra, onde o
maratonista sentiu na pele – e nas pernas – o sentido da palavra
“desafio”. “Eu pensei que fosse durar umas 4h30min”, Maria de Fátima
conta, “mas esse é o cálculo de uma maratona reta, sem lama, sem pedras,
sem ladeira”. Fátima chegou ao Caldas depois de 5h02min de corrida,
ganhando o primeiro lugar na categoria feminina, mais de meia hora antes
da segunda colocada.
Maria de Fátima, primeira colocada na categoria feminina (Foto: Jardel Matos)
O 2º e o 3º lugar da categoria feminina foram para corredoras de Recife e
Fortaleza. Entre os homens, um fortalezense levou o primeiro lugar,
enquanto um juazeirense ficou em segundo. A quantidade de pessoas que
vieram de fora para visitar a região e participar da corrida lotou todos
os hotéis de Barbalha. “As pessoas vêm por causa da Chapada do
Araripe”, Karina fala, explicando que é a natureza que atrai
maratonistas para o Cariri. Ao lado de Vítor, que é apaixonado pela
região, ela espera que o Desafio ajude a colocar Barbalha no mapa de
grandes corridas do país e também sirva para os próprios caririenses se
conscientizarem em relação à preservação da floresta. Semanalmente,
Karina e Vítor praticam treino na serra com amigos. “A Chapada é nossa
pista de corrida”, ela diz. O grupo Corredores da Chapada do Araripe
(Corcha) é quem hoje promove o Desafio.
Fotos: Renato Neves
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